(P) Perguntas alunos e alunas
(R) Respostas Alexandre Candiotto Dias
P) Porque o Senhor ainda não publicou seus livros?
R) Eu até tentei, pus o livro na mesa do editor. Cinco editoras me procuraram, mas infelizmente fiz contrato com uma que não cumpriu.
P) Como assim?
R) As editoras pequenas pedem uma parcela em dinheiro, no meu caso foram R$2.000,00 e mais R$400,00 para participação na Bienal de São Paulo. Acontece que o tempo foi passando e nada da editora e nem do editor entrar em contato, então um monte de escritores começaram a entrar em contato comigo para tomarmos providências... Arranjei um advogado, mas na hora que íamos processá-los a esposa do editor e também dona da editora me procurou e explicou que eles haviam sido roubados e outros problemas, mas que assim que vendessem o carro cumpririam com todos os contratos. Por uma questão de humanidade desistimos de levá-los a justiça, mas até hoje nem o editor, nem a editora e nem a esposa dele entraram em contato.
P) E agora?
R) Agora estou fazendo os livros por conta própria (só não fiz ainda o que está com a editora porque me deram a palavra que cumpririam o contrato.) Minha esposa faz as capas eu tiro cópias do miolo e vendo para os amigos.
P) R$19,90 não é meio caro?
R) Concordo só que pense bem. Tiro cópias do miolo a R$0,20 cada lado da folha o valor mais barato da melhor cópia. Fazemos as capas na impressora com papel especial e tinta colorida, depois mando encadernar R$3,50 A ILHA DAS MULHERES e R$4,50 NÃO TENHO CURA, daí calcula?
P) No seu livro A ILHA DAS MULHERES no capítulo "Ilha da vergonha" o Sr. deixa claro que acredita num mundo melhor reciclando. O Sr. pessoalmente acredita?
R) Sozinho não. Fiz um jardim em frente da minha casa no bairro Betânia e além de quebrarem muitas plantas atearam fogo. O mesmo ocorreu em Juatuba, Tinha um jardim ha anos, mas algumas pessoas arrancaram e colocaram fogo. Isso quer dizer que se tentarmos, mas os moradores do lugar não cooperarem não adianta...
Agora gostaria de fazer uma pergunta a vocês, o que é melhor um pneu jogado fora para pegar dengue ou cercando plantas como as meninas da ilha fizeram?
P) Vi no seu blogger a reciclagem com cacos de vidro, achei muito legal. De onde o sr. tirou essa ideia?
R) Um dia ganhei um livrinho da Quartzolit (o guia Weber) aí vi que tinha uma argamassa especial para pastilhas de vidro, então pensei: se cola pastilhas de vidro também deve colar cacos de vidro. meu irmão tinha uma vidraçaria e ninguém comprava ou mesmo reciclava os cacos de vidro (sobras dos cortes de vidro usado em janelas, portas, etc) Aí fiz uma mesa e uns bancos e revesti com os cacos usando a argamassa, depois fiz um revestimento na parede do meu quarto. E aí foi que surgiu a ideia.
P) Eu como amiga e uma das primeiras leitoras sua, gostaria de lembrar que este assunto (reciclagem) você abordou muito bem no capítulo Belo Horizonte 2312 ou coisa parecida, sei que você colocou que cada bairro reciclava seu próprio lixo através de usinas de reciclagem, gerando empregos e acabando definitivamente com os lixões, isso a vinte cinco anos atrás, quando ainda nem se sonhava com isso. Lembro-me também da sua ideia de que cada escola deveria ter uma horta e um galinheiro, pois assim se evitaria jogar comida fora além das crianças terem mais contato com a natureza. Pergunto: Porque nenhuma editora que preza pelo meio ambiente e pela boa literatura não teve a inteligência de publicar ainda nenhum dos seus livros?
R) ?
Terminada a entrevista fui convidado a merendar com os jovens. Enquanto saboreava uma deliciosa canjiquinha me vi ha muitos anos atrás, junto com meus colegas, rindo e brincando com tudo, como os alunos da minha amiga faziam agora, reparei que Márcia , que também fora da minha sala no passado, olhava para mim, talvez relembrando as mesmas coisa...
"Enquanto houverem crianças é porque Deus ainda tem esperança nos homens"
(Renato Aragão)
